quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Es [perança] curo...

Por mais que se perdia no escuro, havia nela a esperança de se encontrar.
Via uma coisa fraca no final do caminho, um ponto branco, bem pequeno. Esperava que fosse luz, e se fosse luz, seria saída, e se fosse saída, seria salvação.

Não imaginava os insetos que poderiam estar ali a sua volta. Não imaginava os monstros horrendos que estariam a segui-la. Não imaginava sequer a falta de comida e de água que iria sofrer. Aquela luz - se é que era luz -, aquele ponto branco, aquela esperança a mantinha viva, e ela, mesmo no escuro, sorria. E ela, mesmo no escuro, falava consigo mesmo através de pequenos murmúrios. E ela, mesmo no escuro, se imaginava linda, bela e radiante.

E o que diriam quando ela saísse daquele caminho?
O que diriam seus pais? amigos? parentes?
E isso lhe importava?
E isso lhe faria diferença?

Qualquer coisa que falassem, nada seria pior que aquela escuridão.
De qualquer coisa que falassem, nada era pior que a solidão escuro, rodeada de bichos e insetos e monstros que ela ignora, mas que estavam ali. Sempre estavam ali.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Pronto, incomoda!

Pronto incomoda-me o teu abraço!
Incomoda-me ainda mais esse sorriso de alegria pechisbeque que te apressas a usar quando me encontras!
Incomoda-me o sabor a cinza amarga na minha boca!
Não me olhas nos olhos!
Pedes de forma implícita a minha aprovação a cada palavra que deixas suspensa, à espera que te transmita um olhar, um pequeno aceno de cabeça!
Não porque as sintas, só por causa da máscara.
Não te dou nada, nem um sorriso, nem os meus braços respondeu aos teus calorosos abraços que ainda são frios, porque os meus braços pendem moles.
O sorriso que te concedo, nem te dou tão pouco, é um esgar!
Sim, fazes me desconfiar de mim própria.
Pergunto ainda quanto tempo mais irás usar uma máscara, que já te aperta as faces, como uma tortura.
Pergunto ainda onde está quem eu acreditava que teria uma face doce, talvez humana e genuína, onde está quem eu pensava que era transparente, será que alguma vez existiu?

Nota que meu ano ja começou bem!?